Isabel Gonzaga vence a segunda edição do Prémio Estudar a Dança com uma tese de doutoramento intitulada “Encenar Le Bourgeois Gentilhomme: reconstruir, interpretar e adaptar uma comédie-ballet de Molière, Lully e Beauchamp". O prémio tem um valor pecuniário de cinco mil euros e é uma iniciativa da Direcção-geral do Património Cultural, através do Museu Nacional do Teatro e da Dança (MNTD), com o patrocínio da Fundação Millennium bcp.
Foi atribuída, ainda, uma menção honrosa, sem valor pecuniário associado, a Vanessa Montesi pela sua tese "Moving across page, stage, canvas: theatrical dance as a form as itermedial translation".
A cerimónia de entrega do prémio acontece no dia 20 de julho, às 18h30, no Museu Nacional do Teatro e da Dança.
::Vencedora::
Isabel Gonzaga é a investigadora distinguida na segunda edição do Prémio Estudar a Dança, com uma Tese de Doutoramento que reconstrói a dança barroca francesa.
Tendo por caso de estudo a obra Le Bourgeois Gentilhomme estreada em 1670 (texto de Molière, música de Lully e coreografia de Beauchamp), Isabel Gonzaga reflete sobre o facto de “as danças desta comédie-ballet não [terem sido] alvo de um registo material, não se conhecendo, por isso, a coreografia original”, “ao contrário dos diálogos e da sua música, cuja preservação foi assegurada pelos seus criadores”.
Segundo a autora, a investigação pretende “contribuir para a divulgação da dança que se praticava na corte e nos teatros franceses dos séculos XVII e XVIII”, mas também para promover “a reflexão sobre a maneira como, presentemente, estas danças são apresentadas ao público”.
A decisão do júri foi unânime em atribuir o galardão a esta tese “pelo preciso enquadramento nas coordenadas do Prémio, e por uma manifesta boa conjugação da avaliação histórica da peça de Molière, com a explicitação prática das danças indicadas no próprio texto teatral”.
A Tese foi defendida em 2021 no âmbito da Universidade de Lisboa, envolvendo a Faculdade de Belas-Artes, a Faculdade de Letras, o Instituto de Ciências Sociais e o Instituto de Educação, tendo a colaboração do Instituto Politécnico de Lisboa, através da Escola Superior de Teatro e Cinema, da Escola Superior de Dança e da Escola Superior de Música.
Isabel Gonzaga concluiu o Curso de Dança da EDCN, a licenciatura em Flauta de Bisel da ESML, o Curso de Educação pela Arte e o Doutoramento em Artes da UL.
Dedica-se ao estudo e interpretação da música e da dança antiga, tendo trabalhado sob a orientação de bailarinos, músicos e investigadores em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Foi professora de Danças Históricas na EDCN e de Dança Antiga na EMCN. Desde 1989, é professora de Flauta de Bisel na AAM e desde 1997, na EMCN.
É membro fundador do grupo Canora Turba (Música e Dança Antiga), criado em 1990, onde exerce funções de flautista de bisel, bailarina, coreógrafa e encenadora. Desde então, tem interpretado, adaptado, reconstruído e criado repertório musical e de dança dos períodos renascentista e barroco, apresentando-o em espetáculos por todo o país.
::Menção honrosa::
Foi igualmente unânime, a decisão de atribuir, pela primeira vez, uma menção honrosa que distinguiu a tese "Moving across page, stage, canvas: theatrical dance as a form as itermedial translation", de Vanessa Montesi.
A Tese foi defendida em 2022, no contexto da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e o júri considerou que o trabalho “propõe, com inteligência, uma leitura transdisciplinar da obra Jérôme Bosch: Le Jardin des Délices, de Marie Chouinard, e de Froth on the Daydream, de Mathieu Geffré”.
A investigadora apresenta uma “conceptualização da tradução através da lente da dança teatral”, perguntando “como é que a dança teatral nos pode ajudar a entender a tradução intermedial”. Com base nos dois casos de estudo - coreografias a partir da pintura O Jardim das Delícias, de Jerónimo Bosch, no primeiro caso, e do romance de Boris Vian, A Espuma dos Dias, no segundo caso -, Vanessa Montesi propõe uma “redefinição da tradução”, que “surge como uma prática criativa e corporal (e, portanto, política) profundamente entrelaçada com questões de memória e a luta pela representação”.
Vanessa Montesi é doutorada em Estudos Comparados pela UL, onde foi bolseira da FCT. É membro do Centro de Estudos Comparados da mesma universidade, onde integra o grupo P'ARTE: Pensar Praticar Partilhar Perturbar Praticar Arte e assistente de investigação do grupo de pesquisa Ecologias Dramatúrgicas, sediado na Universidade de Concórdia (Canadá). Tem um BA em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Bolonha (Itália) e mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade de Sheffield (Reino Unido). Os seus interesses de pesquisa abrangem tradução, dança e intermidialidade.
Entrega do prémio:
O prémio será entregue a dia 20 de julho, às 18h30, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional do Teatro e da Dança, e que contará com a presença das doutoradas e dos seus orientadores académicos, sendo uma oportunidade para conhecer mais profundamente os trabalhos de investigação galardoados.
O Prémio:
O Prémio Estudar a Dança, que celebra o extraordinário espólio do MNTD, destina-se a galardoar trabalhos académicos de excecional qualidade que contribuam para o conhecimento desta Arte, estimulando o desenvolvimento uma área disciplinar que tem sido pouco cultivada no nosso país.
O júri é constituído por José Sasportes, que preside, Ruy Vieira Nery, José Carlos Alvarez e pelo diretor do Museu, Nuno Costa Moura.
O prémio tem o patrocínio da Fundação Millenium BCP que, desta, forma se associa ao reconhecimento e incentivo da investigação académica nas artes performativas, designadamente da dança teatral.
Nos termos do Regulamento, este é um galardão anual que se dirige alternadamente aos trabalhos de investigação de mestrado e de doutoramento.
Depois de, na primeira edição, ter galardoado a dissertação de mestrado sobre o impacto da Internet na Dança teatral contemporânea, com o título de “Dança e Internet – Conectividade e Participação na Criação Coreográfica” da autoria de Raquel Madeira, nesta 2ª edição, o Prémio contempla teses de doutoramento sobre a história e/ou a estética da dança teatral, defendidas nos últimos cinco anos num estabelecimento de ensino nacional ou estrangeiro.
Sublinha-se que o Prémio Estudar a Dança surge na sequência de uma significativa doação feita por José Sasportes em 2015, que tornou a biblioteca e o arquivo deste Museu no mais amplo acervo bibliográfico e documental no campo da dança teatral em Portugal, a par do notável património deste Museu relativo à evolução da dança. Por esta razão o então Museu Nacional do Teatro passou a ter a designação oficial de Museu Nacional do Teatro e da Dança.
Regulamento:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/premioestudaradanca/regulamento.pdf
Sobre a Fundação Millennium BCP:
A Fundação Millennium BCP afirma-se como agente de criação de valor na sociedade, nas diversas áreas da sua intervenção, assumindo um claro compromisso de apoio ao desenvolvimento das comunidades em que se insere. Nesse sentido, procura apoiar várias iniciativas que alinhem com os valores do Millennium BCP e simultaneamente satisfaçam algumas das principais necessidades identificadas nestas três áreas de atuação – Cultura, Ciência e Conhecimento e Solidariedade Social – em Portugal e noutros países onde o Millennium BCP desenvolve a sua atividade.
Data Publicação: 17/07/2023